sexta-feira, 13 de outubro de 2017

10 motivos de queda de cerâmica em fachada de prédios


É do conhecimento do meio tecnológico, mais especificamente da Engenharia Civil, que os sistemas de revestimentos cerâmicos aderidos representam uma forma muito eficiente de proteger, enobrecer e valorizar as fachadas das edificações, porém tudo isso pode ir "por água abaixo" se o desempenho deste sistema construtivo não atingir a excelência. O desprendimento de peças cerâmicas das fachadas, no pós-obra durante qualquer idade da edificação, preocupa, por isto achamos oportuno comentar sobre 10 fortes motivos que concorrem diretamente para a ocorrência desta manifestação patológica. 


Os itens dispostos abaixo não obedecem a qualquer grau de incidência, qual ocorre mais ou ocorre menos, qual o mais ou o menos importante, simplesmente classificamos como motivos relevantes e que devem ser observados:



01. EPU - EXPANSÃO POR UMIDADE




A Expansão por Umidade - EPU é o aumento das dimensões das peças cerâmicas em razão da retenção de umidade pelo seu corpo através do tempo. Esse aumento, lento e gradual das dimensões, comprimento/largura/espessura, é causado pelo contato do revestimento cerâmico com a água na forma líquida ou presente na umidade do ar. De forma excessiva, a EPU pode gerar tensões extremas que resultam no gretamento e no destacamento das peças cerâmicas da fachada. Todo este processo de aumento de dimensões até o desprendimento, pode durar muitos anos.
Não existe prevenção total contra EPU, ela ocorrerá de qualquer modo, pois durante seu processo de secagem nos fornos da indústria ceramista a peça cerâmica foi aquecida em altas temperaturas e perdeu água, logo, tenderá a recupera-la inevitavelmente.  
A sugestão para resguardar-se é a realização de uma avaliação no mercado e em obras já concluídas conhecendo de forma responsável os produtos que apresentaram, ou não, problemas com excesso de EPU. Ainda deve ser solicitado os ensaios laboratoriais e certificados dos fabricantes atestando o produto escolhido, assim tem-se segurança ao utilizar revestimentos que apresentam a menor EPU possível, devendo estar esta expansão dentro dos limites normativos aceitáveis.

Engenheiro, cobre informações do setor de compras e dos fabricantes.



Saiba mais - Link de matéria sobre o assunto: 




02. ARGAMASSA COLANTE






Achar que argamassa cola é tudo igual é uma situação mais corriqueira do que se imagina. A escolha correta da argamassa colante, o preparo e o respeito aos tempos de cada etapa, são cruciais para o bom desempenho e a manutenção da estabilidade dos revestimentos cerâmicos ao longo do tempo. 

Deve-se escolher criteriosamente de forma técnica entre as argamassas ACIII ou ACIII-E para aplicação de revestimento cerâmico em fachadas externas. Observar o preparo de acordo com orientação dos fabricante, principalmente a obediência no quesito quantidade de água e dinâmica de mistura.
Finalmente deve-se atentar para os 05 tempos das argamassas. O primeiro tempo a ser verificado é o prazo de validade, por questões óbvias. Para o preparo da argamassa, o pó misturado em água precisa "entender" que foi transformado em pasta, ou seja, as reações químicas precisam daquele tempo inicial para ocorrerem efetivamente. Outro tempo a ser observado é o de caixão (na masseira), quanto tempo o pedreiro dispõe para utilizar aquela quantidade de argamassa enviada pela central de mistura. O mais delicado, o tempo em aberto, que vai estar relacionado com a dimensão do pano de aplicação aberto pelo pedreiro e sua velocidade de assentamento; outros fatores que também influenciam são a temperatura local, a umidade relativa do ar, insolação, ventos para assentamento em alturas consideráveis de edificação. Por fim o tempo de cura que definirá o momento mais adequado para a etapa seguinte de rejuntamento das peças cerâmicas.

Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.



03. ARRASTE DE ASSENTAMENTO



No momento do assentamento do revestimento cerâmico, um detalhe de procedimento do pedreiro faz toda diferença e não executa-lo pode trazer consequências desastrosas. O posicionamento inicial da peça cerâmica ou da tela de peças deve ser próximo a sua posição definitiva. A partir deste contato inicial com o substrato base de assentamento, deve ser promovido o arraste, com as mãos, para o ponto final de paginação da peça. Isto faz com que os cordões formados pela desempenadeira dentada sejam quebrados pelo tardoz das peças garantindo a aderência e o maior preenchimento da interface peça cerâmica-argamassa colante.



Engenheiro, cobre estes procedimentos da equipe de obra.

04. DUPLA COLAGEM



Quando aplicar este procedimento? Primeiro vamos definir dupla colagem como sendo o procedimento em que se aplica argamassa colante no tardoz da peças cerâmicas e no substrato base de assentamento. Alguns pontos devem ser observados para invariavelmente optar pelo assentamento em dupla colagem, são eles:

- Peças de grandes formatos, ou seja, com dimensões iguais ou superiores a 900 cm2 (30x30 cm, por exemplo);
- Tardoz das peças cerâmicas com alturas de saliências e reentrâncias iguais ou superiores a 1 mm, normalmente encontradas em peças produzidas pelo método extrudado;
- Em peças com tardoz compostos por garras cônicas que são encontradas exclusivamente em peças produzidas pelo método extrudado.


Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.

Saiba mais - Link de matéria sobre o assunto:

http://lawtonparente.blogspot.com.br/2016/11/assentamento-ceramico-dupla-colagem.html?m=1

05. JUNTAS ELÁSTICAS



As ausências, total ou parcial, das juntas elásticas são facilmente percebidas em edificações com idades avançadas, o que não quer dizer que não seja um erro encontrado nas edificações mais novas. Deficiências como falta e/ou falhas de projeto, posicionamento das juntas, especificações e aplicação correta dos materiais a serem utilizados, definição e execução das dimensões de largura e profundidade da juntas são constantemente verificados, e ainda o uso de materiais inapropriados. 

Erros em projetos são verificados em menor escala, mas ocorrem principalmente na definição das juntas verticais e seus conceitos normativos.
Um dos erros mais percebidos, a localização das juntas fora da linha de encunhamento, tornam em vão a aplicação destes artifícios de absorção de tensões.
Basicamente são 03 os elementos construtivos componentes de uma junta elástica: a tinta elastomérica que impermeabiliza as bordas e as faces internas do corte, o bastão de polietileno que limita e padroniza a profundidade do selante e o próprio selante flexível que veda o corte e absorve as tensões impostas pelo sistema. Todos indispensáveis. 
Mesmo estando uma edificação perfeitamente contemplada com suas juntas elásticas, horizontais e verticais, bem dimensionadas e com os matérias adequados e bem aplicados, a não substituição periódica da mesma pode colocar a perder todo este cuidado projetado e executado.


Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.

Saiba mais - Link de matéria sobre o assunto:
http://lawtonparente.blogspot.com.br/2016/07/manutencao-em-fachadas-revestidas-com.html?m=1

06. REJUNTAMENTO


Este é outro elemento construtivo, tecnicamente conhecido como junta de assentamento, que já foi mais confundido e relegado, tipo "rejunte é qualquer um". Nas obras mais antigas este material era desenvolvido no próprio canteiro sem nenhum critério tecnológico, simplesmente era uma argamassa cimentícia que utilizava areia peneirada como agregado e, raramente, algum aditivo de aderência conveniente ou não.

Exercendo um olhar técnico sobre o rejuntamento, percebe-se que ele se relaciona intimamente com umidades, já que a peça cerâmica tem grande impermeabilidade, este elemento se torna uma das portas de entrada para infiltrações pluviais ou de águas intermitentes, motivo de possíveis alterações volumétricas da peça cerâmica por higroscopia: absorção ou adsorção hidráulica.
O rejuntamento também é a parte mais frágil da face externa do sistema de revestimento cerâmico, porém esta fragilidade não impede que o mesmo seja decisivo para interferir em desprendimentos de peças cerâmicas. Rejuntes muito duros, normalmente os fabricados artesanalmente nas obras, com pouca capacidade de absorção de tensões, reagirão a qualquer solicitação. As cerâmicas quando submetidas às dilatações volumétricas por EPU, incidências térmicas e higroscópicas necessitam de elementos que absorvam estas tensões e permitam suas alterações físicas, por este motivo os rejuntes devem ter um grau de flexibilidade sem perder sua integridade. Certos disso, a argamassa de rejuntamento a ser utilizada em fachadas externas que utilizam o sistema de revestimento cerâmico aderido é a do Tipo II.

Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes.


07. PULVERULÊNCIAS E SUJIDADES



A presença de pó e sujeiras inibe qualquer aderência quando tratamos de revestimento cerâmico aplicado pelo método aderido. Neste quesito 03 situações devem ser observadas de forma eficaz: a cura do emboço (substrato base de assentamento), a limpeza do emboço na etapa de pré-assentamento e a presença de excesso de engobe no tardoz das peças cerâmicas.

A cura é uma das etapas mais importantes para o enrijecimento saudável das pastas de argamassas e concretos. A ausência de procedimentos que permitam que isto ocorra, causa fatores que podem afetar o grau aderência das peças cerâmicas. Ao deparar-se por exemplo com uma fachada de face Oeste, onde em algumas regiões do Brasil a incidência solar é bem mais intensa, um emboço recém executado perde água rapidamente por evaporação superficial e o resultado deste processo é uma capa fina pulverulenta, ali a relação água-cimento ficou prejudicada, partículas não reagiram e não aglomeraram, a cura ficou comprometida.
Antes do assentamento, cabe muito bem uma limpeza ou uma lavagem no pano de aplicação. Não muito difícil é encontrar acúmulos de poluição (carbono), maresia (cloretos), oleosidades, matéria orgânica ou pó depositados nestas áreas externas, principalmente nas grandes cidades e locais úmidos ou costeiros. Limpeza é um cuidado universal.
Por fim, deve ser observado o engobe, aquele pó branco aplicado pela indústria ceramista no tardoz das peças cerâmicas para facilitar o manuseio das mesmas nos processos de fabricação. Este pó em excesso, por falha na indústria, deve ser observado e extraído de modo a não interferir na aderência necessária da interface peça cerâmica-argamassa colante. A limpeza deve ser a seco e unitariamente por peça cerâmica.

Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.


08. DEFORMAÇÕES EXCESSIVAS DA ESTRUTURA



A deformação das estruturas de concreto são casos considerados normais e naturais que ocorram, até determinado limite. Embora o concreto (principal e mais utilizado elemento construtivo brasileiro), as vedações e os sistemas de revestimento cerâmico sejam considerados rígidos (exceto as juntas elásticas), existem deformações que podem influir na quebra de ligações de aderência, principalmente com a presença de grandes vãos e balanços estruturais. 

As fissuras são sintomas onipresentes que definem o tipo, a intensidade e a severidade das deformações. Em alguns casos, essas deformações são tão comprometedoras que afetam uma aderência mais profunda, na interface chapisco-substrato, principalmente se este substrato base for o próprio concreto (vigas externas, por exemplo). A aplicação, no emboço, de telas de boa qualidade (eletro-soldadas, zincadas à fogo, malha # 1" e esp. fio 1.24mm, por exemplo) podem ajudar bastante o monolitísmo do sistema. Estas telas podem ser aplicadas preventivamente ou corretivamente.

Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.


Saiba mais - Link de matéria sobre o assunto:
http://lawtonparente.blogspot.com.br/2015/12/acidentes-em-fachadas-de-predios.html

09. MÃO DE OBRA DESQUALIFICADA




Treinamento, acompanhamento e capacitação, 03 procedimentos que, se realizados de forma constante e cobrados de forma severa, se transformarão em qualidade e bom desempenho. Evitar a rotatividade de operários é um desafio constante, mas nada paga uma equipe confiável, afinal de contas, embora não seja o Engenheiro Civil o executor, ele é o responsável pela execução, ele emitiu e assinou a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART e o construtor arcará com a garantia legal de 05 anos acrescido de todo o previsto na Norma de Desempenho.

Como diz o ditado "o seguro morreu de velho", então devem ser sempre realizados testes expeditos, não necessariamente programados. Simplesmente pedir para o pedreiro destacar uma tela de cerâmicas no momento do assentamento para verificar se os cordões estão realmente sendo quebrados, conferir com uma régua milimetrada se a profundidade do corte da junta elástica está de acordo com solicitado, se a cura está sendo realizada de forma satisfatória e muitos outros, de modo não programado, de surpresa mesmo. Obviamente os testes e ensaios programados e rotineiros, juntamente com a utilização de uma paredes protótipo são fundamentais para a checagem da qualidade e do bom desempenho.



Engenheiro, procure informações com o projetista e com os fabricantes e cobre estes procedimentos da equipe de obra.

10. FALTA MANUTENÇÃO




Eis um fator que não depende somente das Engenharias e sim da cultura de um povo. Infelizmente em nosso país não é percebida uma forte cultura de manutenção preventiva. Sabemos que nunca será possível erradicar completamente as manutenções corretivas, pois são constatados casos em que elas precisam ser realizadas, mesmo com todos os cuidados preventivos. O certo é que quanto mais reduzirmos os procedimentos corretivos, mais seguras e longevas serão nossas edificações.

Existe um falso conceito, velado e não técnico, que fachada revestida não precisa de manutenção, ledo engano. Lavagens de descontaminação concorrem contra agentes deletérios como o carbono presente na poluição, o cloreto presente na maresia, as eflorescências, os ataques químicos e a formação de matéria orgânica. A substituição do material das juntas elásticas é necessária periodicamente, pois esses materiais fissuram, esborcinam, perdem elasticidade e permitem as infiltrações. Verificações técnicas como a Inspeção Predial apontarão, se existentes, outras falhas e anomalias eventualmentes presentes na fachada, como fissuras e deformações, e solicitarão verificações mais profundas através de testes e ensaios tecnológicos, caso necessário.
Intervenções eminentemente técnicas realizadas nos momentos certos, proporcionam aumento da vida útil de uma edificação. A Engenharia possui métodos que já são de conhecimento de boa parte dos engenheiros, mas a população precisa conhecer, entender para que serve e querer pra si a Engenharia Diagnóstica, as Inspeções Prediais, o Plano de Uso-Operação-Manutenção, o Manual do Proprietário, o Manual de Áreas Comuns, os Pareceres e Laudo Técnicos que são fundamentais para diagnosticar, prognosticar e prescrever a solução das manifestações patológicas presentes em uma edificação.

Sociedade, procure um Engenheiro para a realização de um trabalho seguro, desde a concepção até a execução da obra.

Saiba mais - Link de matéria sobre o assunto: 

     Engº Civil Esp. Lawton Parente
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    - Construtor, Consultor e Professor
    - Pós-Graduado em Engenharia Diagnóstica e Patologia das Edificações
    - Associado ao Instituto de Engenharia de São Paulo
    - Diretor Técnico do IBAPE-CE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Ceará
    - Conselheiro e Diretor do CREA-CE - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará 
    
   CONSTRUTORA ENGETERRA - Revitalizando e valorizando patrimônios
   ENGETERRA DIAGNÓSTICA - Estudos Técnicos de Engenharia


   Fone: +85 3472.1674
    

    Email: engenharia@construtoraengeterra.com
    Facebook/LawtonParente 


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