segunda-feira, 6 de junho de 2016

Quando trocar o revestimento cerâmico de uma fachada? - Uma análise técnica de engenharia

Fachadas - Desprendimento de peças cerâmicas.

As fachadas são claramente as regiões que suportam a maior variedade de solicitações nas edificações, depois das estruturas de concreto armado. A evidente constatação pode ser comprovada através de inúmeras situações a que estão submetidas as mesmas: calor, frio, chuvas, ventos, poluição, maresia, infiltração e vazamentos, perfurações, descargas atmosféricas, choques mecânicos, ataques químicos, sobrecargas entre outros. É válido ressaltar que estes agentes atuam intermitentemente ou inesperadamente, fazendo com que estas áreas tenham que estar o mais preparadas possível para tais agressões e solicitações a qualquer momento. 

Podemos comparar os sistemas de revestimentos que envolvem as fachadas das edificações como sendo suas armaduras de proteção para contrapor a todas essas situações de desgaste. Neste sentido, voltamos nosso foco ao sistema de revestimento cerâmico, que é sem dúvida uma das melhores e mais versáteis proteções disponíveis na Engenharia, e que se bem executado e mantido, realizará com eficácia seu papel por muito tempo, agregando beleza e nobreza à edificação.

Não muito dificilmente nos deparamos com edificações com seu revestimento cerâmico em franco desprendimento, e quando isso ocorre é consenso o grande risco de ocorrência de acidentes graves, envolvendo pessoas, bens materiais e as fachadas das edificações. Em se tratando de fachadas revestidas com presença de fissuramentos, a situação se torna mais crítica com a possibilidade de desprendimento de volumes argamassados e peças cerâmicas. 

As inúmeras ocorrências de desprendimento de partes das fachadas compostas por revestimento cerâmico ou argamassado, justificam a criação de um método de análise que oriente de forma técnica, embasando o Engenheiro Patologista ou Inspetor Predial na condenação de um sistema revestimento cerâmico em fachada quando não houver mais nada a fazer. Essa análise específica deve levar em conta a situação completa do sistema e os resultados de todos os testes técnicos e ensaios laboratoriais como: Teste Percurssivo, Teste de Resistência à Tração, ensaio de EPU, Composição  Química dos elementos construtivos e outros. Na nossa ótica, essa análise do Engenheiro Patologista ou Inspetor Predial, deve ser formada por 3 (três) fatores: 

   - Recorrência do evento;
   - Voluntariedade do processo;
   - Indiscriminação do local.

Aprofundando cada um deles temos:

- Recorrência do evento: Os desprendimentos de peças cerâmicas acontecem rotineiramente e se repetem com frequência. As marcas deste processo ficam na fachada através de áreas de cerâmicas faltantes.

Voluntariedade do processo: Os desprendimentos ocorrem de maneira voluntária, ou seja, acontecem simplesmente pelo processo natural e evolutivo da anomalia e do seu estado de degradação.

Indiscriminação de local: Os desprendimentos ocorrem de modo indiscriminado não possuindo área determinada na fachada para acontecer, ou seja, podem aparecer em qualquer área da fachada indiscriminadamente.

A condenação de um sistema de revestimento cerâmico de uma fachada ocorre após a análise dos fatores citados, porém os mesmos devem sempre ser confrontados com a quantidade com que cada fator ocorre, e ainda as características específicas de cada edificação como por exemplo:

Exemplo 1: Numa edificação que constata-se a existência dos 3 fatores somente na parte central da face Oeste da fachada. Neste caso, recomenda-se atuar somente na área de ocorrência, determinando muito bem os limites laterais e sempre em toda extensão vertical. O exemplo é real, vide figura abaixo.

Desprendimento em área central

Exemplo 2: Numa edificação que constata-se a existência dos 3 fatores em todas as faces de fachada. Neste caso, não há mais jeito, o procedimento de revitalização não aceita reparo localizado. O exemplo é bem conhecido, vide figura abaixo.



Desprendimento generalizado

E os reparos pontuais? Será que esses reparos dão certo? Porque na maioria dos casos não podemos completar somente as áreas desprendidas? - Aguarde, isso será tratado nas próximas publicações...



     Engº Civil Esp. Lawton Parente
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    - Construtor, Consultor e Professor
    - Pós-Graduado em Engenharia Diagnóstica e Patologia das Edificações
    - Associado ao Instituto de Engenharia de São Paulo
    - Diretor Técnico do IBAPE-CE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Ceará
    - Conselheiro e Diretor do CREA-CE - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará 
    
   CONSTRUTORA ENGETERRA - Revitalizando e valorizando patrimônios
   ENGETERRA DIAGNÓSTICA - Estudos Técnicos de Engenharia



   Fone: +85 3472.1674
    
    Facebook/LawtonParente 

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