terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Acidentes em fachadas de prédios - Desprendimento volumétrico

Eng. Civil Esp. Lawton Parente

A grande maioria das manifestações patológicas que envolvem fachadas de edificações são consideradas de nível Crítico. Essa constatação não é questionada no meio técnico, pois sabemos que estas ocorrências sempre envolverão altura, dificuldades de acesso, manutenabilidade e, o principal, a segurança das pessoas que transitam logo abaixo. Nesta publicação resolvemos apontar uma das mais perigosas manifestações patológicas de fachadas: O desprendimento volumétrico do emboço em áreas de estruturas de concreto armado na fachada. Trata-se do destacamento de partes do revestimento cerâmico acompanhado da argamassa de emboço, formando blocos maciços.


 Sinistro de desprendimento volumétrico sobre área de concreto armado em fachada

Bons engenheiros patologistas, experientes em sua lida, conseguem traduzir em palavras os sinais que são dados pela edificação ao longo do tempo. Então podemos nos comunicar com a edificação, o prédio "fala" por sinais! No caso proposto, quais são os sinais para identificarmos os desprendimentos volumétrico sobre estruturas de concreto na fachada?

Primeiro é necessário identificarmos os principais locais em que essas manifestações acontecem. São eles as áreas de revestimento argamassado sobre substrato de concreto armado. Nas estruturas em balanço como varandas, sacadas e projeções da edificação. Outros locais, são as estruturas dispostas em grandes vãos. Assim já dá para deduzir que a deformação lenta das estruturas de concreto contribui de forma vital para a ocorrência do problema, mas não é só isso. A falta aderência do revestimento argamassado de emboço na estrutura de concreto e as influências termo-higroscópicas, também são importantes fatores determinantes. Outros fatores que podem ser apontados como influentes são as espessuras do revestimento argamassado, ausências ou inadequação de telas de estruturação, aplicação de elementos de enchimento como tijolo maciço, má qualidade dos materiais utilizados na obra e procedimentos construtivos falhos como cura, traço, falta de limpeza de sujidades dentre outros.
 

Concebendo que as deformações das peças de concreto armado geram movimentações, os emboços ou rebocos aplicados sobre as faces destas mesmas peças sofrem com o surgimento de tensões e, estando estes revestimentos argamassados em deficit de aderência, o desprendimento e o sinistro se tornam inevitáveis.

Sinistro ocorrido em Dezembro/2014 - Exemplo 01 - Edificação em Fortaleza/CE já recuperada - Desprendimento volumétrico da região da varanda em balanço - Extensão de 6,00 metros, 0,80 metros de altura, chegando a 12 centímetros de espessura média:


 
Vista da fachada

Área interna de apartamento atingida pelos escombros

Área do pilotis atingida pelos escombros


Vista lateral de parte dos escombros - Grande espessura, utilização de tijolo maciço para enchimento


Vista da lateral da viga exposta - Restos de forma comprometem a aderencia

Normalmente, os primeiros sinais prévios destes tipos de ocorrências podem ser identificados com antecedência, na maioria dos casos por meses ou anos, porém em algumas situações extremas, levam pouquíssimo tempo entre o surgimento do problema e o desprendimento final. Esta impossibilidade de precisar o momento exato do desprendimento, torna a situação mais insegura e perigosa, pois pode dar margem à negligência na solução do problema. A ferramenta da Inspeção Predial detecta com facilidade estes sinais, mais uma vez demonstrando sua grande contribuição à comunidade.

Os fissuramentos são os principais sinais prévios emitidos pela edificação na região do problema, deles os mais comuns são do tipo:

  01 - Horizontalizado e normalmente na zona de encontro entre a estrutura e a alvenaria;

  02 - Acompanhando a borda inferior na zona de interface entre a estrutura e o emboço.

O interessante é que no caso 01, fica definido a altura da viga (ou da peça de concreto armado) e no caso 02 fica definido a espessura do emboço. Estas informações são valiosas em caso determinação de métodos construtivos e planilhas orçamentárias de obras de reparos e reconstituições.

Sinais emitidos pela edificação - Exemplo 02 - Edificação em Fortaleza/CE já recuperada - Fissuramentos horizontalizados semelhantes (caso 01) ocorridos na região do encontro entre a alvenaria e a viga em balanço, em média de 60 cm acima da sua borda inferior. Fissuramento acompanhando a borda inferior da viga (caso 02) ocorridos na região do interface entre a viga em balanço e o emboço, em média de 4 a 5 cm da sua face exterior. As ocorrências repetem-se na mesma região em vários pavimentos da mesma edificação:

 Fissuramentos na mesma região - Encontro de viga e alvenaria - 16.º e 15.º pavimentos  - Caso 01

Fissuramentos na mesma região - Encontro de viga e alvenaria - 14.º e 13.º pavimentos - Caso 01

 Fissuramento na mesma região - Interface de viga e emboço - 1.º pavimento - Caso 02

Para recuperação destas estruturas é utilizada a combinação limpezas e tratamentos na superfícies do concreto, chapiscos mais adesivos, fixação de telas estruturais e até juntas elásticas de movimentação atuanto nos revestimentos argamassado e cerâmico. O reparo não aceita o reaproveitamento do revestimento argamassado de emboço nestes locais. Nunca é demais lembrar que cada caso é individual, devendo ser analisado previamente por Engenheiro Civil capacitado, que milite na área da Patologia das Edificações e o reparo deve ser executado por empresa especializada em obras de recuperação em prédios habitados.


Engº Civil Esp. Lawton Parente
Construtor, Consultor e Professor
Pós-Graduado em Engenharia Diagnóstica e Patologia das Edificações
Diretor Técnico do IBAPE-CE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Ceará
Conselheiro do CREA-CE - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará 
Membro do Instituto de Engenharia de São Paulo

CONSTRUTORA ENGETERRA
ENGETERRA DIAGNÓSTICA

+85 3472.1674

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